Sempre pensei muito em como ir. Ir para um novo lugar, para uma nova persona, para um novo trabalho… mas ultimamente eu tenho pensado no como voltar. Não para algum lugar do passado, ou para um traço de personalidade que não me encaixa mais, ou para um trabalho que já foi encerrado e concluído. O “voltar” se relaciona com os detalhes.
Voltar para a sensação de aconchego que me era tão comum na infância. Voltar a rir por qualquer careta que é feita, a rir de Chaves ou Chapolin, a dançar ouvindo Chiquititas. Voltar a ter energia para sair sempre aos finais de semana. Voltar a ter estômago para aguentar comer uma pizza inteira com meio litro de coca. Voltar a ter contato constante com amizades. Voltar a não ter preocupação sobre a finitude. Voltar a ter tempo para sentir o cheiro de terra molhada, sem ter um celular captando quase que o total da minha atenção. Voltar a me satisfazer com qualquer livro lido ou filme assistido, sem deixar o senso crítico aflorar demais. Voltar a escrever.
Para todos os lugares que eu poderia voltar, por mais que todos eles tenham cheiro de nostalgia e de tempos menos caóticos, o único que me importa revisitar é aquele que me acompanha em todas as minhas versões, maduras ou não; que respeita todas as minhas fantasias, não me coloca nenhum limite, não me recrimina, não me faz achar que eu deveria ser outra pessoa, estar em outro lugar, fazendo outra coisa. A escrita é esse lugar onde todo mundo pode ser quem quiser. Pode-se escrever um Dom Quixote, uma Madame Bovary, uma Macabéa, um Brás Cubas, um assassino impiedoso, uma menina de capuz vermelho, uma jovem atrapalhada em busca de amor. Pode-se transformar a vida de milhões de leitores, ou de apenas um, que já é impacto o suficiente. Pode-se fugir do brilho das telas e encontrar brilho nas histórias, na imaginação humana, no ofício de criar. Pode-se tudo, mesmo que ninguém leia, mesmo que ninguém compre.
A escrita é sempre o lugar para onde eu quero e provavelmente vou voltar.
Por isso, voltei. :)
Do outro lado do muro 🥰
Me vi no texto da
:
Eu amo como a
dança com as palavras:
Estou em fase de produção de TCC da pós-graduação, e o autor da vez é Silviano Santiago: começando pelo texto transcrito da palestra “Meditação sobre o ofício de criar”, e depois partindo para “Nas malhas das letras”.
Tenho escutado pouquíssimos podcasts (infelizmente), mas a Radio Novelo sempre bomba por aqui:
bem-vinda de volta! 😊
Ahhhh 🥰. Que bom que você tá de volta. Obrigada pelo carinho.