Anda tudo meio nhé. O lado bom de estar tudo meio nhé é que a terapia fica mais intensa e eu volto os meus olhos para dentro, coisa que eu (e imagino que todo mundo) esqueço de fazer quando estou vivendo no automático.
Acontece que nesse processo, eu descobri (na verdade eu sempre soube, eu só aceitei de coração aberto) que o tempo, literalmente, é relativo para cada pessoa. O meu tempo talvez seja um pouco mais corrido. Preciso de variações, descobertas, vontades, mesmo que elas sejam pequenas. A vida não é linear, e eu sobrevivo por saber que isso é uma verdade absoluta.
O ponto alto do último mês foi a oficina da Duda Azeredo. Na oficina “Flechas”, inspirada no livro da Matilde Campilho, a Duda me levou para um lugar que eu nem esperava chegar: o de reforçar o olhar para dentro. Ela me fez escrever sobre luto, perda, ruínas e outras coisas que não são nada fáceis de acessar, mas por algum motivo, durante a oficina, escrevi em tempos super curtinhos parágrafos que me representam por inteiro.
A escrita é o meu lugar. É a minha zona de conforto e, ao mesmo tempo, tudo o que me tira da minha zona de conforto. Desde que comecei a escrever, sentia que o meu trunfo seria a minha sensibilidade: abrir o coração e colocar tudo no papel. Fácil seria se fosse simples não ter medo de ser vulnerável o tempo todo.
Na tentativa de destravar isso (também para atualizar a newsletter, que anda meio parada) e tentar parar de me afundar no estado de espírito nhé (me imaginem torcendo o nariz toda vez que falo nhé), seguindo um dos exercícios propostos na oficina, resolvi fazer uma “pequena” lista das coisas que me fazem sorrir. Espero que você me conte o que te faz sorrir também, aí nos comentários. Cada um no seu tempo, assim seguimos. :)
Acordar em um sábado e encontrar sol do lado de fora, quando a previsão do tempo dizia que ia chover.
Ouvir o canto do sabiá laranjeira.
Dar um mergulho em um mar não tão batido, mas ainda assim com ondas que me permitem brincar com o movimento da água.
Saber que alguém que estava seriamente doente, melhorou (qualquer pessoa - isso me lembra de acreditar em todo processo de cura).
Sentir o cheiro de terra molhada, de pão torrado no fogo e de alho e cebola fritando na manteiga.
Abraçar forte alguém que não via há muito tempo (matar saudades, quem não ama?).
Saber que consegui treinar meu algoritmo do Instagram para ele me mostrar, em sua maioria, vídeos de cachorros e gatos engraçadinhos.
Ouvir (ou ler) alguém me dizer que leu algum texto meu e que, de alguma forma, minhas palavras fizeram bem.
Planejar viagens que ainda estão longes de serem realizadas - mas que um dia sairão do papel (oi @Deus, sou eu de novo...).
Abrir a janela de manhã e encontrar minha vira lata, Maya, pendurada nela esperando um carinho (ou um mimo alimentício).
Conseguir pagar todas as minhas contas sem ficar com o total de R$0,00 no banco (não está fácil, amigos).
Pintar e me sentir à vontade para compartilhar, mesmo sabendo que não sou nenhum Van Gogh.
Ler um livro ou ver um filme que me surpreendem no final, ou ler uma revista que me prenda de alguma maneira.
Acreditar. Na vida, em propósitos, no melhor que pode acontecer, em energia, em sinergia, na existência de um divino, seja ele a definição que for. Acreditar me faz feliz.
Comer uma comida gostosa (do junk food aos restaurantes chiquetosos - comer é simplesmente vida).
Conseguir cozinhar a comidinha simples do dia a dia e ficar satisfeita com meu próprio tempero.
Comprar a passagem de ônibus para ir visitar meus pais, meus amigos e minha casa - que nunca deixará de ser.
Mudar. De casa, de função, de ideia…. Novos ares, de tempos em tempos, e descobrir que aonde quer que eu vá, eu sempre tenho um lar.
Criar histórias, no papel ou dentro da minha própria cabeça
Passar um tempo comigo mesma, sem pensar que eu poderia estar em outro lugar.
Ouvir minha afilhada chamando “dinda!”.
Terminar de praticar exercícios físicos e sentir a sensação de bem-estar me invadir.
Acordar com barulho de galo (interior feelings).
Fazer minhas compras da semana no mercado (sim, eu amo).
Engatar em uma conversa com alguém inesperado - e me abrir para conhecer uma nova realidade.
Ter a noção de que os acontecimentos do mundo são cíclicos.
Ter um cachorro grande para poder abraçar e apertar como se fosse um urso (tamanho família) de pelúcia.
Ouvir “estou com você” das pessoas que eu amo.
Olhar pra trás e perceber que várias das coisas que me tiravam o sono, apesar de ainda se fazerem presentes às vezes, hoje conseguem menos espaço no meu dia a dia.
Decorar, de pouquinho em pouquinho, minha pequena casa.
Conseguir cuidar de uma planta (segue sendo um desafio).
Ficar em paz em saber que não tenho controle do amanhã, nem do depois, nem do depois…
Drinks (hoje em dia com muito mais moderação, os 30+ chegaram) papo bom e risadas por algumas horas.
Aprender a olhar para dentro, e curtir o processo (que sei que será eterno).
Oscilar entre o calmo e o agito, a libra e o sagitário, o eufórico e o melancólico, e tentar entender todas as fases (que podem, muitas vezes, ser confusas).
Conseguir me perdoar.
Achar uma série boa para maratonar.
Chegar na casa de alguma pessoa e descobrir que ela tem cachorro.
Visitar exposições tocantes, assistir peças de teatro impactantes, respirar cultura que se conecta com o meu momento.
Me sentir livre para ser o que o tempo e a vida estão me pedindo para ser naquele momento.
Terminar de trabalhar e ainda ter energia de ligar o computador para escrever, ou assistir aula.
Jogar jogos de tabuleiro, de vídeo-game ou montar quebra-cabeças e lego.
Viradas de ano - amo os 1º de janeiro!
Cheiro de café quentinho em casa (apesar de não ser uma grande fã de café).
Música acústica, voz e violão.
Não ter hora para acordar no final de semana (mesmo que meu relógio biológico me traia com frequência).
Ter cada vez menos medo da finitude - já que não existe meio de lutar contra ela.
Aprender que o tempo é um conceito abstrato e relativo para cada pessoa.
Perceber que não sou mais (ou não quero mais ser) aquela que preferia viver na superfície para não se afogar, e me atirar de cabeça em partes mais profundas da vida - ou pelo menos, tentar.
Saber que o caminho da autoaceitação é longo, doloroso, mas, cada dia mais, possível.
Palavras ✨
inaugurando aqui uma sessão de frases que li e ouvi por aí, e que me fisgaram de alguma forma.
Você precisa saber o porquê está chovendo,
ou você só precisa saber que está chovendo para levar um guarda-chuva?
(tirada diretamente do reels de uma psicanalista).
Do outro lado do muro… 💌
Marcela Scheid sempre necessária;
Nova temporada do Projeto Humanos;
Comecei a ler Dias de se fazer silêncio, da Camila Maccari. Na semana que vem, vou colocar uma sessão na news sobre o andamento de leituras atuais :)
Já pode dar um sorriso, porque seus textos sempre me fazem ber. Inclusive, vou roubartilhar sua ideia e fazer a minha própria listinha. Isso aí salva um dia! :)